sábado, agosto 30, 2008

Ás de Copas


De tão pouco serve a mente sábia
Quando o corpo se quer tão ignorante
Tão indomável tão independente
Espaço de veredas sinuosas
Carentes surdas patéticas
Caminho de sonhos quentes
De memórias difusas incompletas
Que teimam parecer realidades
De hoje de ontem e de sempre
Porque o corpo sabe que a vida não se esquece
Teima em não ouvir tuas verdades
Crueis frias talvez certas
E pede o corpo ao sonho que regresse
Que o deixe viver a gloria embora efémera
De loucuras de amor reinventadas


crOniCas de ViAgem
















A visão de milhares de oliveiras passando a correr pela janela do autocarro dava a ilusão de terras lusas. A Tunísia é o 4º produtor mundial de azeite (atrás da Espanha, Itália e Grécia), produzido pelos 60 milhões de oliveiras que se concentram na zona costeira entre Sousse e Sfax, entendendo-se para o interior até sidi bou Zid .
E são as oliveiras que nos fazem recuar às origens de EL-DJEM. Baptizada de Thysdrus pelos cartagineses, não tardou a juntar-se aos romanos durante a III Guerra Púnica, ganhando estatuto de colónia e, graças ao cultivo das oliveiras, de riqueza e prosperidade. Foi por esta altura construído pelos romanos o anfiteatro que visitámos - já debaixo de um sol escaldante e de um calor abrasador, apesar de o dia ser ainda uma criança -. É uma construção imponente, bem preservada, que me trouxe à memória lembranças da Cidade Eterna, e em cuja arena elíptica se sente um calafrio ao imaginar cenas de terror bestial e absurdo. Providencialmente, e regateando o melhor que pude, comprámos por ali os "lenços" usados como turbante pelas (já poucas) mulheres tunisinas - com carimbo "made in china" (esforçando-se o árabe para me convencer - enquanto me ria a bandeiras despregadas-, de que se não for assim as tunisinas não compram ), e que mais tarde nos foram muito úteis.
Algures , na esplanada do café Flamingo, parámos para refrescar e tentar comer um pastel com recheio de aspecto duvidoso e altamente picante - o pequeno almoço no AL AMINA composto de pão duro e yogurte de banana deixara-nos a meio-pau -. Recebi então a primeira e mais poética de muitas ofertas pela mão da filhota de olhos azuis - vinda de Mouhamed, o nosso guia - : um cavalo árabe.
E foi a partir daqui que a paisagem se transformou radical e progressivamente, cada vez mais seca e árida culminando em Djebel Demer, cadeia montanhosa no corredor do deserto.
Matmata, 600 mts acima do nível do mar, autentica visão lunar, "cidade" irreal de casas escavadas na montanha pelos berberes, faz mais de mil anos, para se protegerem do extremo calor do verão, quiçá apenas um dos seus inimigos.
Talvez os 50º que por ali faziam, tivessem contribuido para a sensação da nossa não-existência, de presença virtual num lugar inexistente.
Valeu o almoço frugal numa dessas "tocas" (um "pastel" de ovo, delicioso, com legumes crus, que recusámos por receio de possíveis diarreias, esparguete com molho irremediavelmente picante, e uns bolinhos de tâmara inesqueciveis) -, acolhedora porque bem mais fresca e pela simpatia de quem nos serviu -, para nos trazer de volta à terra.
Valeu também o dar biberon ao dromedário bébé....(cont.)

sexta-feira, agosto 29, 2008

Em Nome do Amor



..." A vida é uma experiência bela e única que aceitámos vivenciar, porque nada no Universo se faz sem o nosso consentimento. Somos seres livres, com livre arbítrio e, embora não nos lembremos, aceitámos e concordámos vir a este planeta para evoluirmos; aceitámos também passar por certas dificuldades, mas temos capacidades infinitas nas quais temos de acreditar para que elas aconteçam e os milagres se concretizem."...


in "Crianças Índigo e Cristal"

segunda-feira, agosto 25, 2008

crOniCas de ViAgem


Partir, levada pelas asas metálicas rumando a lugares desconhecidos, é uma emoção, uma agitação da mente, do espírito, que continua a inundar o meu ser sempre que parto.
Este destino, no Norte de Africa, proporcionou-me logo à chegada, já noite escura, sensações físicas absolutamente extraordinárias. Imaginei-me, completamente vestida, a ser passada a ferro, a roupa escaldante a colar-se às pernas, às costas, ao peito... a boca aberta engolindo uma golfada de ar quente, pesado e húmido. Não, não foi aterrador foi simplesmente... inesperado e diferente.
Como tão diferente, dos poucos lugares da Terra onde já fui, pode ser a Tunísia.
Os dois jovens guias (Marouen e o "olhos azuis"), simpáticos e afáveis, que seguiram connosco no autocarro - completamente cheio de portugueses - de Tunis até (supostamente) ao nosso destino final por essa noite - KAIROUAN - lá nos tentaram convencer que as 3 horas passariam depressa se dormissemos uma soneca. A primeira surpresa e também a primeira e única sensação se insegurança ocorreram duas horas depois. Inesperadamente (por esta altura apenas seguiam no autocarro eu, a filhota e um casal com um filho) parámos na berma da estrada, no meio do nada e fizeram-nos sair às duas mais as maletas explicando que a partir dali iriamos numa pequena carrinha de 4 lugares, apenas com o motorista, até ao hotel onde dormiriamos essa noite, enquanto se riam, falavam árabe entre eles e nos davam palmadinhas nas costas dizendo "no passa nada", "tout va bien"!!!!
Não sou medrosa. Consigo normalmente gerir bem algum receio legítimo que me assalte, mas confesso que senti um arrepiozito na "espinha", quando nos vi às duas, em plena escuridão, dentro daquela carripana, com um motorista árabe , a caminho dum lugar desconhecido.
Cada vez mais percepciono que falar é quase sempre a atitude certa e assim lá entabulei conversa com o homem, num francês arrancado a ferros, que foi melhorando à medida que percebia que o pobre ainda tinha mais dificuldades que eu em falar a língua de Flaubert.
E foi assim que, sãs e salvas, chegámos à 1,30 h ao hotel de 3 estrelas, mais que cadentes, de seu nome EL AMINA, onde nos esperavam dois tunisinos de ar ensonado. Graças a Maomé um deles lá agarrou nas duas maletas e subiu as escadas até à nossa "habitacion" desta primeira noite (nestes abençoados "hoteis" do sul da Tunísia rampas e elevadores são coisas desconhecidas).
Estávamos por esta altura completamente rotas, anestesiadas pelas emoções, pelo cansaço, pelo calor abrasador e também pelo riso que nos acompanhou do primeiro ao último dia.
Só assim conseguimos desvalorizar completamente o facto de estarem para aí uns 30 graus dentro do quarto (o aposento era do tipo pensão de "meninas" dos anos 60), do aparelho de ar condicionado - que foi ligado à nossa chegada - tentar ingloriamente refrescar um pouco o ambiente e de termos ficado com os pés dentro de um lago de água que escorria por baixo do lavatório (o desgraçado já conhecera melhores dias) enquanto lavávamos os dentes com um resto de água engarrafada - não fosse o diabo tecê-las -.
E foi assim, num sono intermitente e agitado, que terminaram estas primeiras e atribuladas horas em terras de África, até que o som do telefone a despertar nos libertou daquele torpor peganhento às 6,45 h .

SilêncioS



porque há silêncios tão dificeis de interpretar e de aceitar quando substituem as palavras que não foram ditas... porque há palavras que não cabem no silêncio...

terça-feira, agosto 12, 2008

terça-feira, agosto 05, 2008

A Soma Dos Dias




Chá.
Chá Vermelho que retempera. Apesar de tudo... continuarei a beber.

sábado, agosto 02, 2008

Bon Jovi (não resisti à foto)



Always on my mind

Maybe I didn't hold you
All those lonely, lonely times
I guess I never told you
That I'm so happy that you're mine
Little things I should've said and done
I just never took the time
But you were always on my mind
You were always on my mind

sexta-feira, agosto 01, 2008

hÁ áGUa Em mARTe


Esta coisa das comunicações ao País em pleno Verão, deixam sempre o pessoal um bocado nervoso. Ainda por cima rodeada de mistério, sem conhecimento dos executivos, vá-se lá saber de quais, etc e tal, já não basta as dores de cabeça da malta a pensar como é que vai pagar a semanita de ferias a Palma de Maiorca (tudo incluído), que foi engordar a conta do cartão de crédito, ainda agora mais esta. Será que há mesmo petróleo no Beato? Será desta que vamos ter combustíveis a 50 cts o litro? Ou será o IVA? Deve ser o IVA, não só chegaram a conclusão que têm que anular a brutal descida de 1% como terá que subir mais umas décimas. Mas que ansiedade!!!! Nunca mais chegam as notícias da 20h...


Deve ter sido do stress deixei passar a hora e quando liguei a TV já Sua Excelência tinha iniciado o seu discurso. Fiquei ali pregada, primeiro estática e depois, progressivamente, completamente ... embrutecida. Népias, não percebi népias. Eh pá, o sol que apanhei no Algarve deve-me ter queimado o resto dos neurónios, não percebi patavina da razão para tanto alarido.


Mas hoje respirei de alívio ao ver as entrevistas de rua ao pessoal cá do burgo: - Então ouviu o discurso do Sr. Presidente? - Ouvir....ouvi! E a que conclusão chegou? - Basicamente.... a nenhuma!- Boa tarde! Diga-me percebeu a mensagem transmitida pelo Sr. Presidente? - Sim, -percebi. - E...? -Olhe, é assim, prefiro não responder....- O que achou da mensagem do Sr. Presidente? - E o Sr. o que achou? Talvez me ajude porque fiquei como o outro, a olhar pró palácio! - Afinal talvez ainda haja esperança para mim, o problema talvez não seja dos meus neurónios...


Mas prontos, não vale a pena preocuparmo-nos com coisas importantes como o aquecimento global, com o facto do glaciar Moreno estar a derreter aos bocadinhos, com o facto desta Terra que pensava eu ser o nosso último refúgio, estar a dar o berro, vamos mas é preocuparmo-nos com o Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma dos Açores, até porque afinal há água em Marte e com a nossa prática em emigrar não tarda que montemos lá uma rolote de cachorros, para mostrar aos marcianos o que é bom prá tosse.


Estamos safos!!!!



U2 - KitE

Dedicada ao Tiago Pires