domingo, novembro 06, 2011

um dia bonito



"Pão, por Deus!"



Sei que já passou o dia. Que a preguiça e as complicações do dia-a-dia relegaram a vontade de escrever para segundo plano. Mas sou adepta do mais vale tarde que nunca. Uma frase que ouvi hoje: "-Mas afinal, quem é que quer viver em Lisboa?." trouxe-me de volta à realidade do tanto que efectivamente se perde, no bulício das grandes cidades
Gosto das tradições populares do meu País. É através delas, e muitas vezes apenas por esse meio, que se transmitem entre gerações valores, experiências e conceitos.
É por isso que acho que não temos necessidade de "importar" tradições de outros países. Nada significam para nós as bruxas, as abóboras ou os mortos-vivos escorrendo ketchup por tudo o que é orifício.

1º de Novembro, dia do Pão-por-Deus (e de “Todos os Santos “).
Diz-se que esta tradição teve origem em Lisboa, em 1756, um ano após o terramoto que destruiu Lisboa em 1 de Novembro de 1755. Morreram então milhares de pessoas e a população da cidade - na sua maioria pobre - ainda mais pobre ficou.
Como a data do terramoto coincidiu com uma data de significado religioso, de forma espontânea, a população aproveitou esse dia para desencadear um peditório por toda a cidade, com a intenção de minorar a situação paupérrima em que ficaram.
As pessoas percorriam as ruas, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão, em virtude de grassar a fome pela cidade.
E pediam: "-Pão, por Deus!"
Esta tradição perpetuou-se no tempo e propagou-se gradualmente por todo o país, sendo comemorada neste dia.
Sem ter que andar de porta a porta com o saquinho de chita e sem ter que recitar um dos muitos versos ditos e reditos através dos tempo

“Pão, pão-por-Deus à mangarola
Encham-me o saco,
E vou-me embora”,

recebi, inesperadamente, o Pão-por-Deus, das mãos de uma amiga, a quem a cidade buliçosa não apagou da memória a vontade de lembrar.

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