quarta-feira, dezembro 14, 2011

é outra vez Natal...

... e um ano, medido pela medida que os homens inventaram, se viveu...


O tempo é misterioso. Incontrolável. Flui a seu belo prazer. Tem o tempo que ele, o tempo, quer. E a seu belo prazer se vivem encontros e desencontros, alegrias e tristezas, paixões e desamores.
No calendário das minhas memórias, guardo com ternura, tudo o que de positivo ele me concede.
O resto, ele, na sua sabedoria, se encarrega de ir cobrindo com o manto do esquecimento.
Sabendo da sua generosidade lhe peço que dê de presente, a todos aqueles a quem amo, o lembrar. Ou o esquecer. Na medida que cada um deles mais necessitar.
Feliz Natal.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Pedaços de Outuno


Salvaterra de Magos

domingo, novembro 06, 2011

um dia bonito



"Pão, por Deus!"



Sei que já passou o dia. Que a preguiça e as complicações do dia-a-dia relegaram a vontade de escrever para segundo plano. Mas sou adepta do mais vale tarde que nunca. Uma frase que ouvi hoje: "-Mas afinal, quem é que quer viver em Lisboa?." trouxe-me de volta à realidade do tanto que efectivamente se perde, no bulício das grandes cidades
Gosto das tradições populares do meu País. É através delas, e muitas vezes apenas por esse meio, que se transmitem entre gerações valores, experiências e conceitos.
É por isso que acho que não temos necessidade de "importar" tradições de outros países. Nada significam para nós as bruxas, as abóboras ou os mortos-vivos escorrendo ketchup por tudo o que é orifício.

1º de Novembro, dia do Pão-por-Deus (e de “Todos os Santos “).
Diz-se que esta tradição teve origem em Lisboa, em 1756, um ano após o terramoto que destruiu Lisboa em 1 de Novembro de 1755. Morreram então milhares de pessoas e a população da cidade - na sua maioria pobre - ainda mais pobre ficou.
Como a data do terramoto coincidiu com uma data de significado religioso, de forma espontânea, a população aproveitou esse dia para desencadear um peditório por toda a cidade, com a intenção de minorar a situação paupérrima em que ficaram.
As pessoas percorriam as ruas, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão, em virtude de grassar a fome pela cidade.
E pediam: "-Pão, por Deus!"
Esta tradição perpetuou-se no tempo e propagou-se gradualmente por todo o país, sendo comemorada neste dia.
Sem ter que andar de porta a porta com o saquinho de chita e sem ter que recitar um dos muitos versos ditos e reditos através dos tempo

“Pão, pão-por-Deus à mangarola
Encham-me o saco,
E vou-me embora”,

recebi, inesperadamente, o Pão-por-Deus, das mãos de uma amiga, a quem a cidade buliçosa não apagou da memória a vontade de lembrar.

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quinta-feira, outubro 20, 2011

espera

Hoje, que te esperava,
tu não vieste.
E sei o que me diz a tua ausência,
a tua ausência que tumultuava,
no vazio que deixaste,
como uma estrela.
Diz que não queres amar-me.
Como os aguaceiros de verão
que se anunciam, e logo se afastam,
assim te recusaste à minha sede.
O amor, ao nascer,
tem destes inesperados arrependimentos.
Em silêncio
nos compreendemos.

Amor, amor, como sempre,
queria cobrir-te de flores e de insultos.

Vincenzo Cardarelli

sexta-feira, setembro 23, 2011

Esperar

Viver é uma arte
a arte de esperar alguma coisa
dia após dia
E eu
espero sonhando
sabendo que sonho e realidade
não são a mesma coisa
Os sonhos
são para serem sonhados
A realidade
é o tempo e o lugar
para realizar os sonhos.

quinta-feira, setembro 22, 2011

Homenagem


88 Primaveras

terça-feira, setembro 20, 2011

O Azul

Azul, o azul rouco
o azul sem cor
luz gémea da sede
Acerca deste rigor tenho uma palavra a dizer
uma sílaba a salvar desta aridez
asa ferida, o olhar arrastado pela pedra calcinada
húmido ainda de ter pousado à sombra de um nome

o teu:
amor do mundo, amor de nada

Eugénio de Andrade

domingo, agosto 28, 2011

era uma rosa


vi uma flor
estarei sonhando?
veio com o vento...
a chuva tentou em vão
derrubar suas pétalas
uma por uma...
vi-a
era uma rosa
tinha a cor do meu coração
a maciez dos meus sentidos...
sorriu-me

deixou suas doces fragâncias
disse adeus e partiu...
um sopro levou meu sonho
o manto da noite cobriu-me
nada mais aconteceu...
desde então
em cada acordar
sinto o seu perfume


quinta-feira, agosto 04, 2011

terça-feira, junho 28, 2011

Pensamentos

Será que não há alternativa para a conservação da minha espécie? Pensem nisso...


Que tal se deixasses de me chatear?



Deixem-me sonhar com as pradarias!



Tão bela que eu sou! Que pena não vir a conhecer a liberdade...

convivências...


terça-feira, maio 24, 2011

se soubesses


pudesse eu pedir um desejo
para ser de cristal pediria
pudesse eu pedir dois desejos
teu coração olhos de ver teria
veria então o regozijo da chegada
a imensa aflição da despedida
e embora aprendiz saberia
aquilo que a minha voz não diz
se soubesses
gostarias

quarta-feira, maio 11, 2011

Amor (Im)perfeito


Não existe amor perfeito
existem corações que buscam a perfeição
o amor não se dá
nem se pede
não tem conta, peso ou medida
não se rouba, nem tão pouco se exige
só temos que aceitá-lo quando ele se oferece
o amor é mistério
é poder
não se molda ao sabor dos nossos desejos
ou da nossa imaginação
não se compadece com exigências
não se questiona
vive-se
porque o amor em si mesmo
é imperfeito
mas é um presente sem preço.

domingo, maio 08, 2011

domingo, maio 01, 2011

terça-feira, abril 12, 2011

o FMI, o Histerismo e Eu

Não nasci em berço de ouro, nem sequer de prata. Devia ser de madeira, como se usava na época. Desde que me lembro de ser gente, nunca vivi com abastança, nem com desperdício. Também nunca passei fome nem tive falta do que era essencial. Eram tempos difíceis para a grande maioria dos portugueses, e era com as dificuldades que se aprendia a crescer, sem alaridos, nem depressões ou traumas por falta daquilo que não se podia ter. Vivia-se em "casas" alugadas, muitas vezes pombalinas, andares altos, sem elevador, o que era óptimo para o cardiovascular e com a grande vantagem de evitar um montão de horas perdidas para chegar ao emprego. Depois os tempos mudaram. Começou a viver-se melhor. Podemos ter opinião e possibilidade de a expressar. Começámos a aprender a viver em democracia e a dar valor à paz. Em simultâneo, começámos a ostentar orgulhosamente uma pequena colecção de cartões de crédito e a usá-los indiscriminadamente para pagar os Nike's e a carne no supermercado. Descobrimos que era bom ser proprietário e vai de ceder às facilidades do crédito bancário e comprar um apartamento nos arrabaldes da cidade, e um carrito para ir e vir diariamente, de casa para o emprego e vice-versa. Por tabela passámos a coabitar com as prestações para pagar no final de cada mês, com o colesterol e afins, com os nervos destrambelhados pelas filas de trânsito, com a filharada a exigir roupas de marca, desde as cuecas aos jeans. E lá fomos vivendo, consumindo e desperdiçando alegremente, tudo o que vinha de fora, porque o que vem de fora é que é bom. E assim, grão a grão se gastou aquilo que não se tinha para gastar. Um dia acordámos e aí estava o tal do FMI. Não me lembro se foi da 1ª ou da 2ª "visita", que me ficaram com um mês de ordenado. A mim e a mais uns milhares. Aumentaram os impostos, mas o povo português é sereno. Refilou-se um bocado, apertou-se o cinto durante uns tempos e lá se foi vivendo e esquecendo a história da formiga.E agora aí está ele outra vez. Era de esperar. O que não era de esperar era todo o histerismo criado à volta daquilo que já se previa ser inevitável. Já nem se fala de futebol... ele é a Merkel, os Sócrates, o FMI, a crise, a vampirice e os jogos obscuros dos mercados financeiros, os doutos conselhos de uns, o gozo de outros, que não valemos nada, que devíamos era desaparecer do mapa e voltar a ter um rei a hablar espanhuelo. Decididamente não tenho paciência para todos estes arautos da desgraça, nem para quem lhes dá voz. Para as gritarias, insultos e politiquices rasteiras, que afinal se resumem a defender tachos. Todos os dias saio à rua e não me acho a viver num país diferente. Vejo menos carros a circular na última semana do mês, o que só é bom para o ambiente. Vejo mais bébes a passar o dia com os avós, o que só faz bem a ambos. Vejo mais desempregados, alguns porque acham que servir bicas é uma indignidade, outros porque se tornaram subsídio-dependentes e nada fazem para deixar de o ser. Provavelmente não será tão depressa que se vai poder trocar o T2 por um T3, para se ter um escritório para mostrar aos amigos. Nem trocar de carro para fazer inveja à vizinhança. Vamos ter que pagar mais impostos? Vão-nos tirar uma fatia aos ordenados e às reformas? Sinal que temos ordenado ou reforma, e que, apesar de tudo isso, vamos continuar a viver.Vamos ver todos os dias o sol a nascer, os putos a ir para as escolas e para as creches, os mais idosos a serem solidários, ou a usufruirem da solidariedade. Vamos aproveitar os nossos maravilhosos areais e o mar que os banha, os nossos parques, os nossos jardins, os nossos museus (aos domingos de manhã, que são de borla). Se não pudermos ir sozinhos de carro, vamos de transporte público ou fazemos uma "vaquinha". Os amigos só nos fazem bem. Vamos apaixonar-nos por alguma coisa, por alguma ideia ou por alguém. Temos que consumir menos? Pois vamos relembrar como é consumir menos, desperdiçar menos, comprar linha branca, produtos nacionais, dar o nosso pequeno contributo para sairmos do buraco. Muitos poucos fazem muito. Vamos ser optimistas, acreditar que dias melhores virão.

E vamos exigir àqueles que em nosso nome dirigem os destinos deste país que é o meu, e que quero que continue a ser, que façam o mesmo.





quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Gatarrão

Por detrás da vidraça impenetrável
seduziu-me, cortejou-me
apenas me restou
deixar-me seduzir

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Amsterdão - Abril 2009

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Escaroupim Fantástico

Há locais assim, com a sua própria história.
Podemos não saber explicar porquê... mas gostamos.
E quando gostamos, podemos sempre reinventar...



quinta-feira, fevereiro 03, 2011

BurriceS


O povo diz: -Antes boa burra que ruim cavalo-.

domingo, janeiro 30, 2011

Levar com os penantes

Levar com os pés é muito Bom!
À primeira lacrimejas, o que é bom prá vista, inventas mil desculpas para a coisa ter acontecido... e esqueces.
À segunda voltas a snifar lenços de papel (o que, para além de contribuires para o abate de árvores, te põe a penca vermelha) e dás a volta à coisa.
À terceira, depois de te passar a vista turva de tanta raiva, consegues ver a tua verdadeira dimensão.
Já adquiriste o diploma! Só te falta zurrar!

quarta-feira, janeiro 26, 2011

redundâncias

Será que os seres humanos não percebem que a poupança na transmissão de informação pode ser muito útil quando falamos de máquinas, mas que é catastrófica quando se aplica à comunicação entre dois seres humanos?
Sou mulher e gosto de falar, de dizer o que sinto e o que penso. Aquilo que já vivi permite-me perceber que, neste aspecto, nós mulheres somos diferentes dos homens.
Entendo. E até sou capaz de aceitar. O que não entendo nem aceito é a economia de esforço, por parte deles, em entenderem a linguagem feminina.
Por muito inteligentes que sejam, neste aspecto são, por norma, completamente obtusos. Não sabem, nem querem saber o que se espera deles, fecham-se cada vez mais na sua concha, protegem-se na miragem da carreira profissional e depois perdem o rumo.
São incapazes de aceitar que a era do "patriarcado" tem os dias contados. Que o homem fálico, autoritário e dominante está moribundo. Serem heróis é uma das suas prioridades. Foi assim que foram educados e têm pavor que a mulher os veja tal como são, seres frágeis, que não sabem lidar com essa fragilidade. Apavoram-se com a idéia de serem traídos, e em contrapartida vão traindo.
Não querem ouvir falar de emoções e muito menos deixar que elas façam parte da sua vida, por isso fogem se são confrontados com elas.
A entrega a outra pessoa significa ter que baixar as nossas defesas, mostrarmo-nos como somos, com os nossos defeitos, as nossas falhas e as nossas manias. Significa compromissos, cuidados, problemas e até mesmo sofrimento. Com o passar dos anos é normal que se queira fugir disso. E depois? O que fica? Solidão ou o saltar de relação em relação, arrastando consigo cada vez mais frustração e insegurança.
Ouve, - dizia eu ontem à minha melhor amiga que, gelada de corpo e alma, acabara de perder aquele que é e será, segundo ela, a grande e última paixão da sua vida - apenas tens que dar graças ao Criador por seres mulher e como mulher conseguires manter a maravilhosa capacidade de sentir, de exprimir e partilhar as tuas emoções... de rir e de chorar, de gritar de prazer ou de dor, de ronronar (que me perdoem os gatos pelo roubo da palavra), de amares, de te apaixonares, de conseguires olhar nos olhos e dizeres tudo o que te vai na alma. E não estejas triste. Guarda contigo o que sentes. Deixa que seja amor, ternura, paixão, amizade... são sentimentos fortes, plenos de energias positivas. Deixa que eles fluam.
Quem sabe um dia, inesperadamente ...