quinta-feira, outubro 30, 2008

A Espera




Entre quatro paredes densas, protectoras,
em noites povoadas de sonhos não lembrados
há esperanças de alvoradas promissoras,
de dias perfumados com aromas de esperança,
de vozes sussurrando poemas de amor inacabados.

E sem pousar no chão os pés me levam
às planícies imensas de areais dourados,
ao vai-vem eterno de ondas pregueadas,
na garupa sedosa de Pégasos encantados,

na espera de um dia próximo encontrar
nos desertos deste mundo enganador,
a recompensa tão esperada da verdade,

e com ela resguardada no meu peito, viver,
sem prazo, sem tempo, o que o tempo me ofertar.

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segunda-feira, outubro 27, 2008

sábado, outubro 25, 2008

E Ela dançou

Acordou-a o violino da Sarah Chang tocando Air de Bach. Abriu os olhos e a melodia continuou a rodeá-la, a pairar em seu redor.
Os saltos de alegria do seu inseparável amigo, fizeram-na despertar. E só então percebeu o silêncio que a envolvia. Percebeu que era dentro de si que a música se fazia.
Levantou-se de um salto, cheia de mágicas energias renovadas, de juventudes trazidas pelo ar, que nessa manhã gloriosa, banhada por um sol morno de outono, invadiam o seu ser.
E dançou.
Olhou em redor e todas as coisas à sua volta tinham ganho vida, novas melodias, novos significados.
E ela agradeceu.
Agradeceu a vida, o querer viver, o poder amar.
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quarta-feira, outubro 22, 2008

A MentirA


Mente-se, porquê?
Sermos educados em ambiente católico, habitua-nos desde sempre a ouvir: - Mentir é pecado.
Pecado. Sinónimo de ida directa para o Inferno, a menos que haja arrependimento e vontade de não prevaricar.
Felizmente que a par dessa educação intimidatória, tinha-se também aquela outra que se adquiria pelo exemplo e pela palavra daqueles que nos deram vida e amor, que nos ajudaram a crescer e nos prepararam para a vida.
Hoje, com um bocado de sorte, ensina-se que mentir é feio. Raramente se explicam os motivos dessa fealdade.
Porque pode prejudicar, porque pode ser cruel, porque é concerteza desleal.
A mentira banalizou-se. É praticada com tanta frequência e com tanto à-vontade que perdeu completamente o sentido de coisa errada.
Mente-se descaradamente, esfarrapadamente, mente-se por que dá jeito, mente-se porque se tornou um hábito, mente-se por insegurança, por auto-defesa, mente-se a maior parte das vezes para conseguir obter aquilo que não seria possível alcançar sem mentir.
A mentira pode tornar-se numa dependência. Saber que se está a mentir e não conseguir controlar essa necessidade, porque muitas vezes se acabou por perder a noção do que é real e do que se arquitectou na mentira. Daquilo que se é na realidade, para passar a ser aquilo que se fantasiou ser.
Quando se mente compulsivamente perde-se por completo a saúde mental. Vai-se criando uma teia, cada vez mais intrincada, que acabará por se tornar num caminho sem saída.
Diz o povo que "a mentira tem pernas curtas" que "se apanha mais depressa um mentiroso que um coxo".
E isto porquê? Porque afinal não é assim tão difícil para cada um de nós ser um detector de mentiras.
Como para quase tudo, é uma questão de prática, da leitura atenta de pequenos sinais, que acabam por se tornar repetitivos.
Uma expressão do rosto, uma alteração do tom de voz, uma manifestação deslocada de nervosismo, um desvio do olhar, uma necessidade exagerada de justificar uma frase ou uma atitude.
Claro que depois há os profissionais. Os especialistas na arte da camuflagem. Em relação a esses o melhor é rezar para não lhes cairmos nas malhas.
Mas se acontecer, não desesperemos. É só esperar que a mentira não tenha feito muitos estragos. E que a verdade chegue!

P.S. - Aqui só para nós, às vezes uma mentirinha, daquelas que não prejudicam ninguém, até que sabe bem, não é?

domingo, outubro 19, 2008

Amor



Na luz ténue, irreal, da madrugada
queria poder dizer-te,
não vás.
Queria que sentisses,
que soubesses.
Queria ser o mar, a falésia,
a quem abraças com o teu olhar.
E nesse abraço
Esperar.
Queria ser as pedras, as conchas,
com quem te perdes no tempo,
e nesse tempo
Ficar.
Tempo sem tempo
que tudo sabe,
até aquilo que não sei.
Que tudo ensina a perceber.

E eu.
Que só sei
o que hoje penso.
Que um dia irás.
E nesse tempo sem tempo
ficará a saudade,

a ternura,
tudo o que ficou para trás.
Ficará o Amor que não se esquece .
E aquilo que te dei ,
e que será sempre teu.

sábado, outubro 18, 2008

quinta-feira, outubro 16, 2008

O Mundo Está de Tanga?



Pois é.
Revi ontem à noite aquele filme com o Mel Gibson - "Conspiracy Theory". O homem vivia numa paranoia total, vendo conspirações em tudo e em todos.
Seria? Paranoia?
E digo isto porquê?
Por causa da crise na aldeia global, claro!!! Esta absolutamente inqualificável porra de crise, salvo seja, está a destrambelhar completamente o sistema nervoso ao pessoal e o que é pior a encarquilhar completamente a nossa já tão minguada bolsa.
Mas o pior mesmo é a simultaneidade.
Queres estar informado? Queres auscultar se os tostanitos da reforma, por enquanto depositados no banco, não correm perigo de se esfumarem?
Não tens outra hipótese!
Tens que chupar com a fronha do Jorge!
Queres ter uma vaguíssima ideia se a seguradora se vai aguentar à bronca, "segurando" os tostanitos do PPR?
Chupas com o Jorge! Ele é Jorge, Jorge, Jorge ao pequeno almoço, almoço e jantar. De tanto se cruzarem, a crise com o Jorge e o Jorge com a crise, fizeram curto circuito dentro da minha caixa craneana.
E se for?
Como é que esta droga de conjuntura se agudizou? - Com a escalada alucinante do preço do "ouro negro".
Será que a dita teve alguma coisa a ver com a chamada "Ocupação do Iraque"?
Eh pá, pensa lá. Quem é que deu a cara à coisa? O Jorge, claro.
Nah!!!!! Aquela amostra de cérebro não tinha estaleca para tanto. Será que a ajuda do Toni, do Silvio e do Zé Maria foi determinante?
Também não me parece.
Hum, isto deve ser coisa dos gajos do "Clube dos Poderosos".
Mas isso é porreiro. Se for assim estamos safos. Temos lá o Zé Manel a prestar vassalagem.
Agora por Zé Manel. Quem é que disse: "Indiscutivelmente o pior primeiro ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa".
Raio de memória. Bem, pode ser que, enquanto passo a roupita a ferro, me lembre.
Pensa na cara, naqueles oculinhos de massa preta. Voilà: foi o Henrique Alfredo de braço dado com os Fellowrocks.
Bem me queria parecer que não valia a pena estarmos muito preocupados. Isto está tudo feito.
Pelo meio das veredas sinuosas destas crises são sempre os mesmos que se safam . Os outros que se lixem.
Afinal até dá jeito haver por aí uns países à beira da bancarrota. Lá terão que pedir umas coroas ao FMI e livrá-lo da falência anunciada.

Eh pá! Não volto a ver filmes de conspirações antes de ir para a cama. Fico com alucinações.




domingo, outubro 12, 2008

well....


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quarta-feira, outubro 08, 2008

Transmissão de Vozes à Distância




Era uma telefonia a válvulas.
Um quase luxo para a época. Quando ainda não nos entrava o mundo em imagens pela casa dentro.
Telefunken, era a marca.
As telefonias eram, nos anos 60, fonte de distracção e prazer para as mulheres , donas de casa e mães a tempo inteiro, devido à moda emergente dos folhetins radiofónicos.
O velhinho TIDE - "Tide-lava mais branco" - patrocinava "A filha da coxinha" um dramalhão de fazer chorar as pedras da calçada, nas vozes que ainda relembro e cujos nomes já esqueci.
Quantas vezes estas mulheres sacrificadas, absolutamente fascinadas pelos dramas de outras mulheres - abandonadas com filhos de tenra idade, ou de raparigas orfãs que acabavam por casar com mancebos loiros de pele leitosa, vivendo à custa dos progenitores e sonhando com as fortunas que iriam herdar depois destes se passarem para o Além -, levavam tareias monumentais dos maridos quando chegados a casa, ciosos de horas certas para a comezaina, deparavam com o lume apagado e olhos lacrimejantes.
Esta telefonia já é apenas memória. Não consegui encontrar o rasto do seu destino.
O mesmo não aconteceu com a BrAun, que fui encontrar em casa dum amigo recente. Linda, orgulhosa do seu som ainda límpido e da sua história, continua a transmitir vozes à distância.

Coisas do Tempo.

segunda-feira, outubro 06, 2008

domingo, outubro 05, 2008

Fuga



Voltei a rasgar a terra.
E ela, generosamente submissa, aceitou a raiva, a frustração
E a sua intemporalidade a sua imutabilidade a submergir a dor.
E o querer engolir os próprios enganos
E os vómitos explosivos, de mentiras pútridas
Porque a verdade do amor é como a terra.
E à água que generosamente lhe dei juntei o meu sal
E nele a saudade, a dor das ausências do porvir.
E chamei a voz.
E ela veio, distante, envolta em cenário de mar.
E inicia-se a viagem para além do desespero à procura da esperança.


quinta-feira, outubro 02, 2008

The Italian Who Went to Malta

(Must be read with an Italian accent)

One day ima gonna Malta to bigga hotel. Ina morning I go down to eat breakfast. I tella waitress I wanna two pissis toast. She brings me only one piss. I tella her I want two piss. She say go to the toilet. I say you no understand. I wanna to piss onna my plate. She say you better no piss onna plate, you sonna ma bitch. I don't even know the lady and she call me sonna ma bitch.

Later I go to eat at the bigga restaurant. The waitress brings me a spoon and knife but no fock. I tella her I wanna fock. She tell me everyone wanna fock. I tell her you no understand. I wanna fock on the table. She say you better not fock on the table, you sonna ma bitch.

So I go back to my room inna hotel and there is no shits onna my bed. Call the manager and tella him I wanna shit. He tell me to go to toilet. I say you no understand. I wanna shit on my bed. He say you better not shit onna bed, you sonna ma bitch.

I go to the checkout and the man at the desk say: "Peace on you". I say piss on you too, you sonna ma bitch. I gonna back to Italy.
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P.S. - Dito pelo Rui era absolutamente hilariante. Aos velhos tempos.