segunda-feira, dezembro 22, 2008

Natal, e não Dezembro

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois, somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rasto de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos despojados, mas entremos.
De mãos dadas, talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.

David Mourão Ferreira




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