terça-feira, novembro 11, 2008

MagnoliA

Ela começou a gostar de se chamar a si mesma Magnólia.

Tinha-se habituado a usar o seu nome. O que lhe deram à nascença, sem possibilidade de escolha. Sem nunca verdadeiramente o interiorizar.

Tudo começou pelo aroma. Sempre que entrava naquela casa, que não era a sua, logo se sentia envolvida por ele. Primeiro de uma forma subtil, inconsciente. Mais tarde tão dentro de si que a levou a perguntar. Magnólia: era a essência. Extraída das taças, que assim parecem ser, as grandes flores brancas, perfumadas, que brotam dos ramos das enormes e robustas árvores milenares , das quais tomou o nome.

Magnólia sempre fora impetuosa. Tão impetuosa que nascera sòzinha. Bem que a mãe lhe pedira: -Espera um pouco, deixa que chegue quem te ajude a nascer. Mas ela decidira. Chegara o momento e irrompeu para a vida. Não fora o calor do corpo de onde saira aconchegá-la, até chegar quem cortasse o cordão que a alimentara e fizera crescer , e este teria sido provavelmente o seu primeiro e último impulso.

Magnólia nasceu bem juntinho do solstício de Verão. Prenúncio de dias longos, alegres,ensolarados. Regida por Mercúrio teve um despertar precoce. E desde cedo se mostrou possuidora de grande vivacidade mental e verbal e de uma intuição psicológica que lhe iria dar aquela facilidade em adaptar-se a novas situações. E também causar-lhe alguns dissabores.

Magnólia cresceu e com ela cresceu a afectividade. E também o inconformismo. Era uma fonte de vida, entusiasmo, de curiosidade e de sedução. Sujeita a arrebatamentos, a grandes entusiasmos e paixões. Cedo porém Magnólia concluiu que as realidades são quase sempre diferentes dos sonhos. Descobriria também, a par com as derrotas, que a vida deixa de o ser, sem afectos, sem paixões, sem dor, sem alegria, sem sorrisos, sem ternuras.

E fez partir. E partiu. À descoberta. Porque "O mundo é um espelho. Se sorrires para ele, ele sorrirá para ti."

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