segunda-feira, janeiro 12, 2009

MemóriaS

Por serem públicas estas páginas não permitem que delas constem os pecados da nossa indiscrição. Não permitem que aqui despejemos tudo o que nos passa pela cabeça, pela memória. A memória, essa neblina frágil, onde as recordações se cruzam, se esfumam, se alteram.
Na contagem final dos nossos dias, apenas vivemos aquilo que conseguimos lembrar...
Que perca ter-se perdido o hábito de escrever. O telefone seria para o que não valesse a pena registar. O resto, o que vale verdadeiramente a pena lembrar, deveria ser escrito. Dia a dia... meia dúzia de palavras de uma hora feliz do nosso melhor amigo... outra meia dúzia com aquela receita que a mãe inventou... mais algumas sobre aquele dia em que nos enterrámos na neve pela primeira vez...
Descrever, escrevendo. Uma novidade, uma pequena emoção, um encontro ou um reencontro. Um diário imenso de todas as vidas que existem dentro duma só vida.
E chegaria então o dia em que, na confusão da nossa senilidade, leríamos. E pareceria tudo novo.
E viveríamos duas vezes.
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