domingo, junho 01, 2008

Para o Álvaro Ruas

Vá-se lá saber porquê, hoje assaltaste o meu pensamento.

E vi novamente o teu rosto, sempre plácido e sorridente, vi o teu cabelo forte, grisalho, quase branco, a tua figura enorme e inconfundível e ouvi as tuas graçolas que conseguiam tornar comestíveis as intragáveis manhãs de segunda-feira.

Lá estavas sentado à secretária, naquela sala do 1º andar do velho Beco, soprando as asas que as formigas tinham deixado para trás durante a noite, e gracejando que para proteínas já chegavam as do galão e da sandes de fiambre, trazidas pelo César.

Vejo-te de lápis na mão, misturando os traços a que tão bem davas vida (a propósito de tudo e de quase nada), com ETA's e Deadweight's.

Tiveste a coragem, que muitos gostariam de ter tido, de trocar a segurança por um sonho. E transformaste esse sonho em telas.

E elas povoam as nossas casas, e tu continuas nelas, e assim vamos matando a saudade.

Até um dia Amigo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu tenho o "Acordeonista" e a segrafia "Brasil", a presença do amigo nos meus dias. E as recordações da amizade e cumplicidade vividas até na falta de dinheiro para pagar a sobremesa de ovo estrelado no Bairro Alto.

ervadecheiro disse...

..e as "tertulias", nas horas de almoço prolongadas, no 1º andar do restaurante da rua da Emenda...boas recordações não é Miga?